MISTURANDO AS TINTAS !
o poeta pinta uma tela
na plasticidade da poesia,
seu pincel é a palavra,
e assim ele vai retratando
o fogo intenso da paixão,
o sol aberto de um sorriso,
as ondas verdes bordadas de espuma,
o beco sem saída da solidão !
os jardins e suas flores,
seus sonhos e seus temores,
o lilás da angústia da saudade,
os girassóis da esperança,
as lembranças amareladas !
a leveza das plumas,
a areia fina das dunas,
as núvens brancas do céu,
os anjos e sua candura,
a abelha fazendo mel !
o arco-íris e suas cores,
a cidade e suas dores,
o trânsito engarrafado,
um assalto na esquina,
malabares no farol !
a selvageria do asfalto,
o cinza-chumbo-concreto,
sirene fazendo alarde,
cerveja no fim da tarde,
a realidade espelhada
na fachada do edifício !
o cheiro das flores do campo,
milharal, fogão de lenha,
carro de boi na estrada,
um mergulho na lagôa,
um galope pela campina,
um banho de cachoeira,
um sanhaço na palmeira,
uma ave de rapina,
e outras tantas coisas boas,
que traz tatuadas na alma !
mas é preciso ter calma,
o poeta ainda está aprendendo
a misturar as tintas !
antonio carlos de paula
poeta e compositor