Mais passado que futuro, não fico em cima do muro, sei que a vida é jogo duro mas é preciso jogar, analisar a jogada, evitar carta marcada, pra geral, pra macacada, não pensar em vacilar. Validar o passaporte na fronteira do destino, não cometer desatinos, pois na hora do embarque, é aí que o bicho pega, quem pode mais chora menos, quem tem medo se entrega.
Ninguém está preparado e nem é preciso bagagem, miséria pouca é bobagem, mas um gole de coragem é melhor não desprezar para engolir a bagaça, brincadeira mais sem graça essa de ir viajar. Uma viagem sem volta materialmente falando, talvez esteja faltando uma melhor explicação, que por acaso convença o descrente na descrença, de que lá do outro lado talvez haja a solução.
Padecer no paraíso ou ser feliz no inferno, de bermuda ou de terno, sol a pino ou vendaval, quando enfim chegar a hora, não se livra do açoite, ao meio dia ou a meia noite, ou outra hora qualquer, pois a hora já está marcada mas ninguém sabe qual é. E na verdade pouco importa, não vai fazer diferença, bem mais do que a gente pensa é complexa a questão.
A vida é um trem desgovernado, um mistério bem guardado, um enigma a desvendar. Cada escolha, cada passo, um mosaico multicolorido, festa de luz e cor, um pedaço de um quebra-cabeça que nunca terminamos de montar. Enquanto seguimos na jornada, errando e acertando, rindo e chorando, sabemos que o futuro é incerto e o passado, um porto seguro de recordações. O presente, porém, é o campo de batalha onde tudo se desenrola, onde se fazem as apostas e se enfrentam os desafios.
Na estrada da existência, precisamos de fé, esperança e, acima de tudo, coragem para continuar. Porque viver é resistir, é não se entregar à incerteza e à dor. A cada amanhecer, uma nova oportunidade se apresenta, uma nova chance de ser melhor, de aprender com os erros e de buscar a felicidade, seja ela onde estiver. A verdadeira bagagem que levamos não pesa nas costas, mas na alma; são as experiências, os amores, os sonhos e as lições que acumulamos ao longo do caminho.
E quando a última estação finalmente chegar, saberemos que a viagem valeu a pena. Compreenderemos que cada tropeço, cada lágrima, cada sorriso fizeram parte de uma jornada única e insubstituível. Não importa se fomos heróis ou meros passageiros, o que conta é que vivemos intensamente, sem medo de arriscar, de amar e de sonhar