RECORDAÇÕES
No coração de uma cidade envolta em sombras, Reginaldo vivia isolado em seu pequeno apartamento, cercado por livros e anotações. Ele sempre fora um homem introspectivo, mas nos últimos anos, seu isolamento se tornara um refúgio contra a tormenta emocional que o consumia. O ciúme patológico que o acompanhara por toda a vida se intensificara após a morte de Mariana, a mulher que ele amara em silêncio.
Certa noite, enquanto uma chuva fina tamborilava nas janelas, Reginaldo sentou-se em sua poltrona preferida e começou a escrever em seu diário. As palavras fluíam como uma catarse, desvendando memórias dolorosas de sua infância e juventude.
Infância e Amizades
Reginaldo: (Escrevendo) "Dante, Renato, Júlia, Mazinho e Érica... Eles foram minha primeira família fora de casa. Nossa amizade era um porto seguro, mas sempre havia algo em mim, uma sombra que eu não conseguia dissipar."
Flashback: Encontro de Amigos
Numa tarde ensolarada, os cinco amigos estavam reunidos no parque. Reginaldo, com seus oito anos, observava a todos com uma intensidade peculiar.
Dante (Rindo) "Vamos jogar futebol, Reginaldo! Você é o nosso melhor atacante."
Renato: "Sim, venha! Vai ser divertido."
Reginaldo hesitou, olhando para Júlia, que estava conversando animadamente com Mazinho. Uma pontada de ciúme atravessou seu peito, sem motivo aparente.
Reginaldo: "Vou ficar aqui observando. Alguém precisa manter o controle do jogo."
Retorno ao Presente
Reginaldo suspirou, fechando o diário por um momento. Aquelas memórias sempre traziam uma mistura de nostalgia e dor. Ele se levantou, caminhando até a janela e observando as luzes da cidade refletidas nas poças de água.
Morte de Mariana
A lembrança de Mariana era um espinho cravado em sua alma. Eles haviam trabalhado juntos por anos, e Reginaldo nutria por ela um amor profundo e não correspondido. A falta de coragem para expressar seus sentimentos se transformou em uma fonte constante de arrependimento.
Reginaldo: (Pensando) "Se ao menos eu tivesse dito a ela... talvez as coisas fossem diferentes."
Flashback: Últimos Momentos com Mariana
Mariana estava no hospital, lutando contra uma doença terminal. Reginaldo sentava-se ao lado dela, segurando sua mão.
Mariana: (Fraca, mas sorrindo) "Você sempre esteve aqui, Reginaldo. Obrigada por ser meu amigo."
Reginaldo: (Com voz embargada) "Eu sempre estarei aqui para você."
Ele nunca teve coragem de dizer a verdade sobre seus sentimentos. Quando ela faleceu, ele sentiu que uma parte dele morrera junto.
Reflexões no Presente
De volta ao presente, Reginaldo voltou à poltrona, a mente fervilhando com perguntas e reflexões.
Reginaldo: (Escrevendo) "Minha vida tem sido uma constante luta entre razão e emoção. O ciúme e a desconfiança são meus companheiros inseparáveis, mas será que essa busca incessante pela verdade é apenas uma forma de justificar meu medo de enfrentar meus próprios sentimentos?"
Diálogo Interno
Razão: "Você precisa entender o que realmente aconteceu. Só assim encontrará paz."
Emoção: "E se a verdade for insuportável? E se você estiver apenas alimentando seu sofrimento?"
Razão: "A verdade é necessária, mesmo que doa. Sem ela, você viverá eternamente preso em suas dúvidas."
Emoção "Mas a dor... como lidar com ela?"
Conclusão
Reginaldo fechou o diário, a mente ainda dividida entre a razão e a emoção. Ele sabia que precisava enfrentar seus demônios, reavaliar o passado e encontrar um propósito no presente, por mais desesperançoso que o futuro parecesse.
Reginaldo: (Sussurrando para si mesmo) "A verdade é meu único caminho para a liberdade. Mesmo que doa, eu preciso conhecê-la."
E assim, com o som da chuva como companhia, Reginaldo continuou sua busca, um passo de cada vez, em direção à verdade que poderia finalmente trazer-lhe paz.