QUEM NUNCA?
Quem nunca perdeu o equilíbrio
E se esborrachou na queda
Quem nunca pediu pinico
Quem nunca pisou na merda
Quem nunca sacou de cara
Que nesse angú tem caroço
Quem não viu virando esquina
A fila para comprar osso
Quem nunca soube de nada
E sempre diz que ouviu falar
De buracos na calçada
Brilhando a luz do luar
Quem nunca morreu de medo
De um dia ter que morrer
Quem nunca jurou segredo
Mas não soube se conter
Quem em nome do amor
Fez da vida uma viagem
Soltou pum no elevador
E fez cara de paisagem
Quem não aumentou um ponto
Para valorizar a história
Ficou esperando no ponto
Por já ter perdido a hora
Quem nunca falou bobagem
E se arrependeu depois
De colocoar a carruagem
Bem lá na frente dos bois,.
quem nunca?
#poetaacdepaula
ANÁLISE CRÍTICA
O poema “QUEM NUNCA?” explora de maneira humorística e reflexiva as falhas, gafes e comportamentos humanos que todos experimentam em algum momento da vida. Através de uma linguagem coloquial e imagens vívidas, o autor convida o leitor a refletir sobre suas próprias experiências cotidianas e a encontrar um senso de comunhão na imperfeição humana.
Estrutura e Linguagem
O poema é estruturado em versos curtos, que seguem um ritmo fluido e cadenciado, tornando a leitura ágil e envolvente. A repetição da expressão "Quem nunca?" no início de cada estrofe cria um refrão que reforça a universalidade das situações descritas. A linguagem utilizada é simples e direta, com um tom coloquial que aproxima o texto do leitor, facilitando a identificação com as situações narradas.
Temas e Imagens
Cada estrofe aborda uma situação diferente, todas comumente enfrentadas pelas pessoas no dia a dia:
1. **Quedas e Fracassos:** "Quem nunca perdeu o equilíbrio / E se esborrachou na queda" - A metáfora da queda representa os tropeços e falhas que todos enfrentam, lembrando que errar é humano.
2. **Desconforto e Embaraço:** "Quem nunca pediu pinico / Quem nunca pisou na merda" - Estas linhas evocam situações embaraçosas e desconfortáveis, utilizando uma linguagem crua que acentua a comicidade e a realidade dos momentos descritos.
3. **Desconfiança e Dificuldades:** "Quem nunca sacou de cara / Que nesse angú tem caroço" - Aqui, o autor fala sobre a desconfiança e a percepção de que algo está errado, uma experiência comum e muitas vezes inevitável.
4. **Necessidade e Escassez:** "Quem não viu virando esquina / A fila para comprar osso" - Este verso traz à tona a realidade da escassez e da luta pela sobrevivência, uma crítica social implícita que se mescla ao tom geral do poema.
5. **Ignorância e Pretensão:** "Quem nunca soube de nada / E sempre diz que ouviu falar" - A crítica aqui é direcionada àqueles que fingem conhecimento sobre assuntos dos quais nada sabem, uma observação sobre a vaidade e o orgulho humanos.
6. **Medo e Morte:** "Quem nunca morreu de medo / De um dia ter que morrer" - Uma reflexão profunda sobre o medo da morte, uma experiência universal que atinge a todos, independentemente de sua coragem ou bravura.
7. **Segredos e Tentação:** "Quem nunca jurou segredo / Mas não soube se conter" - O autor toca na dificuldade de manter segredos, sublinhando a fragilidade da natureza humana diante da tentação de compartilhar confidências.
8. **Amor e Ridículo:** "Quem em nome do amor / Fez da vida uma viagem / Soltou pum no elevador / E fez cara de paisagem" - Misturando romantismo com situações constrangedoras, esta estrofe ressalta as loucuras cometidas por amor e os momentos de embaraço que todos vivenciam.
9. **Exagero e Atraso:** "Quem não aumentou um ponto / Para valorizar a história / Ficou esperando no ponto / Por já ter perdido a hora" - Falar sobre a tendência de exagerar histórias e o custo disso em termos de tempo e pontualidade.
10. **Arrependimento e Impulsividade:** "Quem nunca falou bobagem / E se arrependeu depois / De colocar a carruagem / Bem lá na frente dos bois" - Aqui, o foco é nas palavras impensadas e nas ações impulsivas, seguidas pelo arrependimento.
### Conclusão
“QUEM NUNCA?” é um poema que utiliza humor e uma linguagem acessível para explorar a experiência humana em sua totalidade imperfeita. Ao destacar situações comuns e embaraçosas, o autor cria um elo de empatia com o leitor, mostrando que todos compartilham dessas experiências. A repetição do refrão "Quem nunca?" não só reforça a universalidade dos temas tratados, mas também convida o leitor a refletir sobre suas próprias vivências, reconhecendo e aceitando suas falhas como parte inerente da condição humana.