REZA!
Palavras saltam sem paraquedas e bailam leves, livres e soltas pelo espaço do pensamento, feito estrelas ou perilampos que brilham sem ter razão.
E o alazão das quimeras cavalga etéreas campinas entre cometas e nuvens camufladas nas esquinas, disfarçadas de cordeiro enquanto seu lobo não vem .
E neste balé celeste , ah! o amor que não me destes não faz falta pode crer, pois nada é o que parece, ou o que possa parecer.
E nunca é tarde demais pra dizer o que não se disse, pensar demais é tolice, e nesse disse me disse nem sei mais o que dizer.
Melhor talvez que me cale, quem quiser falar que fale, pode então falar por mim, sobre eventos aleatórios, sem importância ou notórios, ou qualquer coisa assim.
A razão não vem ao caso, se o poço é fundo ou é raso, e se o assunto por acaso é importante ou chinfrim.
Sem códigos de conduta aquele que vai à luta tenta vencer a batalha, e quem quer chegar ao cume, sem ter certeza presume, que a paixão é necessária.
Palavras em queda livre sabem que sempre é preciso cautela e muito cuidado, para não ferir sentimentos, não causar constrangimentos, nem rezar pro santo errado.
#poetaacdepaula
análise crítica
Análise Crítica do Poema "Reza!"
O poema "Reza!" apresenta uma reflexão profunda sobre a natureza das palavras, dos pensamentos e das emoções humanas, utilizando uma linguagem rica em imagens poéticas e metáforas. O título "Reza!" sugere uma busca por algo sagrado ou transcendental, o que é refletido na maneira como o autor explora a comunicação e a introspecção.
Estrutura e Linguagem
O poema é composto de versos livres e irregulares, o que proporciona uma leitura fluida e envolvente. A ausência de rima regular e a escolha de palavras evocativas criam uma sensação de liberdade e espontaneidade. A linguagem é poética e, ao mesmo tempo, acessível, o que facilita a conexão do leitor com os temas abordados.
Análise das Estrofes
Primeira Estrofe:
"Palavras saltam sem paraquedas e bailam leves, livres e soltas pelo espaço do pensamento, feito estrelas ou pirilampos que brilham sem ter razão."
A primeira estrofe descreve as palavras como entidades autônomas e livres, que se movem sem restrições pelo espaço do pensamento. A comparação com estrelas e pirilampos sugere uma beleza efêmera e uma falta de propósito claro, destacando a natureza imprevisível e muitas vezes irracional do pensamento humano.
Segunda Estrofe:
"E o alazão das quimeras cavalga etéreas campinas entre cometas e nuvens camufladas nas esquinas, disfarçadas de cordeiro enquanto seu lobo não vem."
Nesta estrofe, o autor usa a imagem do "alazão das quimeras" para representar os sonhos e fantasias que vagam por paisagens etéreas. A metáfora das nuvens camufladas e do lobo disfarçado de cordeiro sugere a presença de ilusões e perigos ocultos, enfatizando a dualidade e a incerteza da vida.
Terceira Estrofe:
"E neste balé celeste, ah! o amor que não me destes não faz falta pode crer, pois nada é o que parece, ou o que possa parecer."
A terceira estrofe traz uma reflexão sobre o amor não correspondido e a ilusão das aparências. O "balé celeste" simboliza a dança das estrelas e dos sentimentos no cosmos, enquanto a aceitação da ausência de amor sugere uma resignação tranquila. A afirmação de que "nada é o que parece" reforça a ideia de que a realidade é muitas vezes ilusória.
Quarta Estrofe:
"E nunca é tarde demais pra dizer o que não se disse, pensar demais é tolice, e nesse disse me disse nem sei mais o que dizer."
A quarta estrofe aborda a procrastinação e a hesitação em expressar sentimentos ou pensamentos. A declaração de que "nunca é tarde demais pra dizer o que não se disse" sugere uma urgência em comunicar o que foi deixado em silêncio. A frase "pensar demais é tolice" critica a paralisia causada pelo excesso de análise, enquanto a confusão final, "nem sei mais o que dizer," encapsula a complexidade e a indecisão inerentes à experiência humana.
Quinta Estrofe:
"Melhor talvez que me cale, quem quiser falar que fale, pode então falar por mim, sobre eventos aleatórios, sem importância ou notórios, ou qualquer coisa assim."
Aqui, o autor sugere que o silêncio pode ser mais prudente do que falar sem ter certeza. A permissão para que outros falem sobre "eventos aleatórios" indica uma certa indiferença ou resignação quanto ao controle sobre a narrativa pessoal.
Sexta Estrofe:
"A razão não vem ao caso, se o poço é fundo ou é raso, e se o assunto por acaso é importante ou chinfrim."
Nesta estrofe, o autor minimiza a importância da razão e do julgamento sobre a profundidade ou importância dos assuntos discutidos. A relatividade das questões abordadas é destacada, sugerindo que o valor das coisas é muitas vezes subjetivo.
Sétima Estrofe:
"Sem códigos de conduta aquele que vai à luta tenta vencer a batalha, e quem quer chegar ao cume, sem ter certeza presume, que a paixão é necessária."
Esta estrofe fala sobre a luta pela realização e a importância da paixão na busca por objetivos. A ausência de "códigos de conduta" sugere uma abordagem instintiva e apaixonada para enfrentar desafios.
Oitava Estrofe:
"Palavras em queda livre sabem que sempre é preciso cautela e muito cuidado, para não ferir sentimentos, não causar constrangimentos, nem rezar pro santo errado."
A estrofe final volta ao tema das palavras, destacando a necessidade de cautela na comunicação para evitar ferir sentimentos ou causar constrangimentos. A expressão "rezar pro santo errado" sugere a importância de direcionar corretamente nossas intenções e ações.
Conclusão
"Reza!" é um poema que utiliza metáforas ricas e imagens poéticas para explorar a complexidade dos pensamentos e sentimentos humanos. Através de uma linguagem fluida e acessível, o autor nos convida a refletir sobre a natureza das palavras, do amor, e da realidade. O poema destaca a importância de expressar sentimentos com cuidado e a aceitação da incerteza e da subjetividade na experiência humana. Ao final, o poema sugere que, apesar da complexidade da vida e das emoções, a simplicidade de comunicar o que se sente e pensa é um ato de coragem e clareza.