O alazão dos meus sonhos se perdeu em meio à manada de cavalos-marinhos enquanto o brilho da estrela ofuscava o néon do vagalume, a borboleta alçou seu voo colorido porque acreditou no sonho da lagarta, é preciso conservar os sonhos, é preciso acreditar, preservar a estrela, os cavalos marinhos, a borboleta, o vagalume e seu néon, a lagarta e o seu casulo. As conchas silenciosas guardam os segredos das ondas, as andorinhas vestindo traje a rigor voam para a festa de arromba das ilusões necessárias e o vagalume pensa que o cometa verde é um parente distante!
Muito além do arco-íris pra lá de onde Judas perdeu as meias, lugar que ainda tem gente que tem esperança nas veias, o chicote do preconceito ainda estala no lombo, e quem ri do próprio tombo deve ter suas razões! Um branco de alma negra? Ora, faça-me o favor, não tem negro de alma branca pois a alma não tem cor! No Ó da periferia a mazela não tem cura, e o preconceito é chicote que estala em pele escura! Injustiça e violência vira e mexe se repete, no esquisito da quebrada, no baile da DZ7. E é assim que a banda toca, mas isso não é normal e tem nome e sobrenome, preconceito estrutural!
Na pitoresca paisagem que muitos fingem não ver, para esquecer a dor e a mágoa, fumam seus cachimbos d’água para fugir da realidade e aliviar as tensões, essa vida é jogo duro, e da noite, no escuro, lá no vidro dos telhados, de pensar morreu um burro e todos os gatos são pardos! A fome é chef de cozinha e qualquer prato é banquete, e aqui vai um lembrete: quem conta aumenta um ponto, o Pateta é amigo do Tonto, são dois dentes da engrenagem, caiu na rede é piranha, quase ninguém se engana, na casa da Mãe Joana miséria pouca é bobagem!
Atire a primeira pedra, não precisa ser da lua, quem não tem papas na língua o discurso continua, e quem vive ao léu, à mingua, e já está calejado, olha com cuidado os dentes do tal cavalo de Troia, já disse o velho ditado; o bom filho o caldo entorna, tem gente dando trambique e nó cego na tramoia! A União faz açúcar e a perfeição não tem pressa, não custa nada tentar, antes tarde do que nunca, o que não tem remédio é farmácia de UBS, quem sabe o mapa da mina dispensa o GPS, não queira saber detalhes dos mistérios do destino, quem pintou a Casa Branca, ou por quem dobram os pinos!
Não fique se lamentando e muito menos imaginando: onde foi que eu errei? E não esquente a cabeça por incrível que pareça, ninguém errou, eu bem sei, e no entanto, eu não sei quanto pesa uma estrela, mas eu posso lhe dizer o quanto dói uma saudade, daquelas que nos invade, sem ter pressa, nem razão, e sem a gente querer!
Sei lhe dizer que as nuvens não são feitas de algodão, que os anjos não são de Vênus e os sonhos que às vezes temos não passam de ilusão, posso lhe assegurar, eu sei, quanto vale uma paixão, sei que o oásis do deserto fica ali quase bem perto da ilha da fantasia, onde se pode chegar quase num piscar do olhar, pois ali depois da esquina, fica a base de lançamento da carruagem estelar movida a devaneios.
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