Mamãe eu não fui às passeatas, e nem integrei as fileiras dos ditos patriotas manifestantes, vestidos de certa incoerência verde e amarela. Fui por isso, tachado de esquerdista, alienado, cidadão em cima do muro, e outros tantos adjetivos com os quais muitos amigos, que nesta altura do campeonato nem sei se ainda o são, me prestigiaram.
Mas, já há algum tempo aprendi a conviver com as divergências pessoais, globais, e outras, e, não planejo a minha caminhada, guiado pelo GPS das radicais opiniões extremistas.
Já nem me espanto mais com a mudança do tom e o volume da voz dos inconformados, acho até que eles acreditam mesmo no que dizem, e mais, devem crer até no diadema da Mula Sem Cabeça, no Curupira que anda pra frente, em campeonato de skate de Sacis, e que o Titanic, na verdade era uma versão futurista da Arca de Noé, e foi a pique após trombar com o iceberg pilotado pelo coisa ruim.
Neste ponto devo esclarecer que para uns, o coisa ruim é o outro, e para outros o coisa ruim é o um. Pra mim, nem um e nem outro são flores que se cheirem.
Fico pasmo com a facilidade de certas pessoas em crer em teorias conspiratórias que são jogadas ao vento das redes sociais pelos arautos do moderno Apocalipse.
São incapazes de pensar com lucidez, e alguns na verdade são incapazes de pensar, e não importa qual a cor da bandeira que eles agitam! Como estou vazio e isento de paixões partidárias consigo ver o que eles não enxergam ou não fazem questão de enxergar.
Hoje em dia tudo está na internet, mas o conteúdo informativo é mais joio e menos trigo, e é só por isso que eu digo o que nem sei se devo, mas me arrisco e me atrevo, e não sou de me arrepender. Eu não sei se vai dar valsa, de cristal não tenho a bola, bailarina que rebola sabe o talento que tem.
Quem tem boca vai ao microfone, mete a boca no trombone, grava vídeo em passeata, canta hino pra pneu, taca fogo no parquinho, coisa assim nunca se viu, tem gente que vibra e torce querendo a guerra civil.
Segue tudo como antes em frente ao tal quartel de Abrantes onde bravos figurantes do núcleo da atual comédia, saudosos do personagem icônico que os deixou a ver navios, choram as mágoas cristalinas que rolam por quem não as mereceu.
Quando acabar o maluco sou eu?
o autor é poeta, dramaturgo, e compositor, acdepaula09@gmail.com