DA PAZ, A GATA e A PANTERA ( parte 9)
DA PAZ, A GATA e A PANTERA ( parte 9)
Mas a Gata, como eu já disse não era mulher de levar desaforo pra casa, e aquele negócio de ver a Pantera chamando o Da Paz de amor pra cá, amor pra lá, na frente de qualquer pessoa, foi lhe enchendo a paciência, mesmo assim a situação do jogo duplo durou mais ou menos um ano. Mas sempre que podia ela dava as suas alfinetadas. Era uma quarta feira Da Paz havia ficado no escritório até mais tardem o celular toca, era a Gata!
- Tô com saudade, quero te ver, me pega aqui no shopping!
E lá foi o Da Paz, passou no shopping e a caminho da casa da gata fizeram um pitstop em um drive-in.
Na sexta feira antes das dez o celular toca, Da Paz estava em casa era dia de rodízio ele só iria ao escritório por volta do meio dia, havia acabado de sair do banho. Era a Pantera chorando. Vendendo azeite, xingando. Ele saiu enrolado na toalha e atendeu na varanda.
- Eu não aguento mais essa menina me enchendo o saco, falando um monte de coisa, ela disse que você tá ficando com ela, como é essa história?
- Essa mulher tá maluca, eu já estou indo pra aí, e a gente conversa. Desligou o celular e ligou para a Gata:
- Qualé você pirou, tá maluca, o que você andou falando pra ela?
- Ah! Falei mesmo já tô cansada tá!
- Olha não fala mais nada e estou chegando aí daqui a pouco!
O bicho estava pegando, Da Paz tentou manter a dita cuja, entrou no carro e foi para o trabalho, não tinha outro jeito!
Depois do telefonema as duas começaram a se estranhar novamente e quase saíram no tapa, todo mundo vendo, todo mundo ouvindo. A Gata havia botado pra fora o que todo mundo desconfiava e que ela e do Da Paz haviam escondido por um ano. O que era só boato caiu na boca do povo.
Da Paz percebeu os olhares maliciosos assim que botou o pé na recepção, mas, fazer o que?
As duas entraram na sala do Da Paz, o clima era de guerra!
- Ela disse que você tem um caso com ela também, como é essa história, perguntou a Pantera totalmente desequilibrada, as lágrimas brilhando nos olhos de estrelas.
A Gata não perdeu a chance e emendou logo em seguida:
- É isso mesmo sua galinha preta, você é filial da filial!
Devo lembrar que furiosa a Pantera ficava ainda maior, Da Paz tentou manter a tranquilidade.
– Isso é mentira, ela tá maluca, tá certo que eu te escondi uma coisa, a gente já teve um caso, mas acabou faz tempo, antes de você vir trabalhar aqui. Eu não contei nada porque não ficava bem, e também já tinha terminado tudo.
- Mas ela disse que saiu com você na quarta feira!
A Gata parecia se deliciar com a situação, mas Da Paz não esquecera o espinho que ela lhe cravara no peito e do alto da sua cara de pau disse em alto e bom som;
- Você é uma desequilibrada, doida de pedra, para com isso, eu já te falei que não tem mais volta, o que passou, passou! Acorda para de falar mentira, de inventar história! Entenda e se convença de uma vez por todas que não dá mais, não tem nenhuma chance! - Me esquece, deixa a gente em paz!
No fundo, no fundo, em que pese ter ficado constrangido pois a Pantera de forma alguma merecia passar por aquele vexame, Da Paz sentiu o gostinho da vingança pelo que a Gata lhe fizera. A Gata saiu da sala feito um verdadeiro dragão, cuspindo fogo! Da Paz soube naquele instante que havia comprado uma briga do tamanho de um Titanic, ou melhor, a Gata era o iceberg capaz de derrubar o transatlântico.
Os argumentos de Da Paz foram convincentes, na verdade ele gostava realmente bastante da Pantera-de-olhos-de-estrelas, e conseguiu convencê-la de que a Gata-de-olhos-de-mel havia aprontado tudo aquilo pelo fato de não ter tido a coragem, como ela, de assumir o relacionamento. Vendo a atitude da Pantera que jamais escondeu o fato era natural que a Gata perdesse a linha e armasse o barraco.(continua)
AC de Paula
Enviado por AC de Paula em 27/04/2022