AC DE PAULA
Dom Quixote Tupiniquim
Textos

DA PAZ, A GATA E A PANTERA ( parte 2)

Peço que volte comigo há alguns poucos anos atrás, é final de expediente de mais um dia de trabalho, todos estão no auditório da empresa comemorando o aniversário (vinte e três anos), da Gata-de-olhos-de-mel, que trabalha no departamento de marketing.

 

É hora do parabéns pra você, (pode cantar junto), a aniversariante apaga as velas no bolo e, neste mesmo instante, (olha lá!), acende um estopim no coração do senhor Da Paz! Você concorda comigo que o olhar explosivo que ela dirigiu ao senhor Da Paz, é um verdadeiro torpedo de meiguice e promessas de um estágio no paraíso?

 

Tá certo que eu concordo com você que ela não é linda, maravilhosa, não é assim uma Brastemp, mas aqueles lábios carnudos, e aqueles olhos perigosos, sobretudo para quem não pode se fartar com doces, lhe emprestam um ar assim meio exótico, e não dá pra negar que ela é realmente uma verdadeira gatinha.

 

Ao abraçar a aniversariante dando-lhe os parabéns, o senhor Da Paz (perceba), fica fora de órbita sem saber se é efeito do perfume delicioso que ela usa, ou pelo impacto causado por aquele olhar. O senhor Da Paz é um cara sério, mas não é mané pra não notar a intenção por trás daqueles olhos meigos! Como eu já disse, ele nunca foi dado a aventuras amorosas, sua única paixão extra -conjugal é o seu eterno caso de amor com a seleção verde-amarela !

 

Nos dias que se seguem, as pessoas começam a notar que o senhor Da Paz, vira e mexe, tem alguma coisa para fazer no terceiro andar, onde, (com certeza, você também já percebeu), fica o departamento de marketing, e consequentemente a Gata-de-olhos-de-mel! O próprio Da Paz, (já estamos mais íntimos e podemos dispensar a formalidade) se dá conta do que ocorre, e como é sempre muito ponderado, conversa consigo mesmo:

 

               - Para com isso Da Paz, tá ficando bobo depois de velho? Papai Noel não existe, o que uma gatinha daquelas vai querer com um cara que tem idade de ser pai dela?

              - Depois você nunca foi disso, acorda, cai na real, bota a cabeça no lugar!

 

No entanto, Da Paz falava consigo mesmo, mas não lhe dava ouvidos, e aumentava cada vez mais, a vontade de botar a cabeça (a outra) no lugar! Ele sabia muito bem que os tempos agora são outros, que tudo é diferente, mas ele é da antiga, não tem absolutamente nada a ver com a forma descartável e sem compromisso com que a juventude atual se relaciona amorosamente.

 

E lhe vem à mente, aquela frase que ele ouviu uma repositora de produtos em um supermercado, dizer ao seu companheiro de trabalho, alguns anos mais novo do que ela:

               - Acorda menino, quem gosta de homem é veado, mulher gosta é de dinheiro! E Da Paz diz novamente para si mesmo:

 

               - Acorda Da Paz, você não tem condições psicológicas e nem financeiras pra encarar uma barra dessas, é muita areia pro seu caminhão! (continua)

 

AC de Paula
Enviado por AC de Paula em 20/01/2022
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras