TRANCOS E BARRANCOS
Por entre trancos e barrancos de coloridos versos brancos, as teorias de física quântica, e os meandros da semântica, sobressai-se a incoerência da total incompetência para defender o injustificável e justificar o indefensável.
Conserve o foco nos trilhos para não se perder na trilha, não se ofusque com o brilho de aleatórias miragens, joia falsa também brilha e tem lá suas vantagens, pra quem não sabe o caminho ou o motivo da viagem, pouco importa o endereço, e nem o peso da bagagem.
A estrutural disparidade da social condição já é coisa da antiga, canta o verso da canção, desigualdade latente, tatuada a ferro e fogo não só na pele, na mente, na alma, e no coração, a esperança de mudança beira as raias da utopia, acredita em estrela guia quem se dedica a sonhar, quem com sede vai ao pote não tem do que reclamar, quando a brisa virar vento ou a canoa virar.
Se essa rua fosse minha e a varinha de condão funcionasse de verdade, não haveria tristeza, seria só liberdade, mas é preciso destreza pra enfrentar a realidade cinzenta do dia à dia, e transformar em alegria a tal adversidade.
Viver é correr perigo, diz o dito popular, e por isso é preciso ficar atento e alerta, quem sabe onde o calo aperta é só o dono da dor, quem já chorou de saudade, ou sofreu de desamor.
Quem foge do compromisso e leva a vida na flauta, não se irrita nem se exalta se acaso o caldo entorna, entre o objeto e a forma, guardadas as proporções, se vislumbra o inusitado em todas as dimensões, que extrapola os limites talvez das próprias razões.
O bom cabrito não berra, o mito, diz que não erra, quero a paz não quero guerra, porém calar, nem pensar, na estratégia da defesa minha palavra é granada, meu verso na bandoleira é baioneta calada!
AC de Paula
poeta e compositor
#poetaacdepaula