ALEGRE SABER!
Não creia que o silêncio é uma prece ou um templo, nada é o que parece e a gente sempre esquece que existe o contratempo.
Rasgue o véu da virtude, e entre o fluxo e o refluxo, para quem não tem atitude pouco importa a concretude, para o inerte e o omisso quase tudo é um luxo e a filosofia é um lixo.
Na fragilidade do alicerce do castelo de quimera, nas tantas frases vazias a ignorância impera, e no flagrante delito de ações audaciosas, o ríspido linguajar jamais irá se expressar em ciranda à beira mar, cantada à luz do luar, linda, em rimas preciosas.
Profundas crenças divinas na tal comédia da vida, nos bastidores a tragédia espera a vez e a hora para poder roubar a cena, e com toda petulância disfarçada de elegância, ela toda poderosa, caprichada na arrogância, pelos cantos, pelo meio, exerce a sua vingança e mostra então ao que veio. Mas a tragédia é volátil e a comédia perdura!
Tirânicas consequências, irracionais e transitórias, titânicas atitudes que contradizem os tresloucados sentimentos, que na carícia dos espinhos e nas arestas das pétalas, sugam o néctar das flores e se embriagam de aroma.
Para sempre é muito tempo e um tanto quanto inadequado, mas o tempo enferruja a juventude e nos torna resistentes às intempéries da vida, às avalanches de gelo, aos vulcões da incompreensão, aos tornados do exagero, aos furacões do desgosto, à esperança derradeira, e as águas das tempestades, que correm e morrem no esgoto dessa vida passageira.
Os poetas não são divinos, a poesia não é sagrada, e a lágrima do poeta não é doce, é salgada, eles não guardam segredos, eles não são profetas, tampouco são astronautas, e disfarçam os seus medos fingindo-se enluarados, mas nem por isso devemos elegê-los culpados, pois, todavia, no entanto, também derramam o pranto pelo verso derramado.
O vento sopra o poema na coreografia da dança, a poesia foi a armadilha que capturou os deuses selvagens, sedentos de vingança. O coro dos insatisfeitos entoa o seu madrigal, entre virtudes e defeitos, do radicalismo moral, enraigado no solo do preceito social, que veio da gaia ciência de um trovador medieval.
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