FRATURA EXPOSTA
Era uma vez, por causa disso, até que um dia e desde então, não tinha estrela no céu de brigadeiro, e nem nuvem branca de algodão. Não tinha paraíso, nem horizonte, e nem água sob a ponte, nem açude, rio, lagoa, nem caravela ou canoa, e nem palmeira na ilha.
Não tinha trilha, deserto, arco-íris, longe ou perto, não tinha joio nem trigo, nem sabugo nem espiga, nem dama ou rapariga, nem teia, centelha ou brilho , não tinha broa de milho, e nem luzes de neon, também não tinha sentido, rumo, rota, ou direção.
Até que finalmente, de novo, nada aconteceu, tudo estava como antes e quase ninguém percebeu. No alicerce da estrutura perdeu-se a narrativa entre o tema e a moral, e uma imagem destrutiva de tudo o que não se construiu, derreteu o iceberg da emoção racional.
E tudo foi como antes e nada foi diferente, e alguém procura um pretexto para fugir do contexto das cinzas de um carnaval. Nos liames da conexão emocional é preciso ter em mente o código das entrelinhas, a semente dos mistérios, e no jogo de aventuras, captar as travessuras dos duendes e querubins.
Pelos passos da jornada, não se recusa ao chamado onde o brilho não reluz, é preciso ter cuidado no limiar do portal, pois no escuro da caverna onde o breu é quem governa, não se vislumbra qualquer luz.
E no caminho da volta no caos da agrura suprema, a redenção é extrema, e a ansiedade é imensa, muito mais do que se pensa, e no enredo do tema, o troféu é a recompensa que ofusca o dilema.
Auspiciosas noticias vinda de lugar nenhum, aquém e além do horizonte, audaciosas loucuras trazem os riscos consequentes, e se alguém souber me conte, antes que logo eu me encontre à beira de um precipício, no começo, no início, de um caminho sem volta, e no auge da revolta me aflore a desilusão.
No âmago dos conceitos que disfarçam os defeitos da insensata atitude, necessidades, desejos, sonho, coragem e medo impulsionam sem segredo a mão que segura o arco, a mão que balança o berço, a vela que impele o barco, o sopro que aviva a brasa, o vento que enfuna as asas dos delírios e paixões.
O nome precede a essência e no espanto radical, prevalece a consciência de um jeito natural, sem orgulho ou preconceito, sem trejeito, sem defeito, sem melindre, sem nobreza, sem dúvida e nem certeza, mundana e celestial.
Para sempre é muito pouco, palavras e pensamentos se eternizam nos momentos, sabedoria é fatal, palácios e monumentos na colorida paisagem, e no auge do espanto, um canto em cada canto, e em cada canto um lamento, ou um verso musical.
Um aceno, um atalho, um gesto, um grito, um protesto, que se calou na garganta de quem teima e não aposta, pode fazer diferença, e se a vontade for tanta, descomunal e imensa, vira uma fratura exposta!
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