MINHA MÃE!
Sô fío da véia ô eu não pego nada.... Eu era criança, 5 ou 6 anos, quando minha mãe me levava junto com ela para o serviço, o que eu achava legal pois botava banca com a molecada, afinal nos anos 50, morando na Vila Miriam na Freguesia do Ó, ninguém além de mim tinha andado de elevador.
Lembro-me da primeira vez em que andei de ambulância, que naquela época chamavam de assistência, foi quando voltando do trabalho estávamos no Largo do Paissandu de onde saiam os ônibus 67 Freguesia do Ó, o ponto era bem próximo a lateral da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e o 68 Itaberaba, que fazia ponto na parte de baixo, em frente a um cinema que não existe mais e que não lembro o nome.
Qualquer dessas linhas serviam pra gente pois passavam na Avenida Itaberaba na altura onde começa a Avenida Elísio Teixeira Leite, antiga Estrada do Congo, e dali até em casa era uma boa caminhada. Como qualquer ônibus servia, minha mãe ficava em uma fila e eu ficava em outra e a gente pegava o ônibus que chegasse primeiro.
Naquele dia o 67 chegou primeiro e eu me juntei a ela na fila, de repente deu um pé de vento e um parafuso enorme que segurava a tampa da luminária do poste caiu bem na cabeça dela, pegou de raspão mas saiu muito sangue, chamaram a ambulância e ela só se preocupava em saber se eu estava ali junto com ela.
Até hoje eu não cresci muito e quando criança eu era bem pequeno, me lembro do ônibus ou o bonde lotados, eu perdido numa selva de pernas, saias e calças, protegido por ela e a sua voz ecoava: “Cuidado que tem criança! Cuidado que tem criança”.
Hoje eu cresci um pouquinho, e tenho muito orgulho em ser o fio da véia , e sei que ela continua cuidando de mim!
Axė minha mãe!