Era uma vez no ano de 2020 um temível vírus xing ling que em pouco tempo se tornou mundialmente  conhecido graças ao seu  alto poder de destruição, e além de destruir vidas ele também abalou a estrutura econômica de muitos países.

Como todo mundo é muita gente, é claro que havia exceções, e tinha gente  que achava que o xing ling  não passava de uma gripezinha, até ai tudo bem pois havia também quem jurasse que a Terra era plana.

O fato é que a gripezinha em seis meses matou três vezes mais brasileiros que a Guerra do Paraguai e a Gripe Espanhola, e mais americanos que a guerra do Vietnam.

Criaram-se protocolos de procedimento para enfrentar o xing ling visando coibir a propagação do contágio, e normas de atendimento e tratamento para os que fossem infectados.

Todo o planeta sofreu um colapso imenso, mas é claro que o mundo não parou para ninguém descer, quem quisesse que descesse do mundo andando. E como tudo na vida, a forma como as pessoas encaravam o problema fazia a diferença;

Uns se adaptaram as novas regras de sobrevivência e enquanto alguns se lamentavam sentados no meio fio da estrada da vida, outros vendiam máscaras e álcool em gel.

Em terras tupiniquins foi decretado o estado de calamidade pública e isso era tudo o que esperavam alguns cidadãos desprovidos de senso de responsabilidade, humanidade, solidariedade, vergonha, e de amor ao próximo, infectados pelo vírus corruptos brasilis.

E foi a farra do boi, estava aberta a temporada de caça as compras sem licitação ancoradas no caráter de urgência que dispensava maiores e necessárias exigências.

E montaram-se hospitais de campanha a um custo astronômico cuja gestão estava a cargo de empresas reconhecidamente enroladas financeiramente e que não cumpriam as regras mínimas necessárias.

Gastou-se  milhões em equipamentos sem eficácia comprovada comprados a preço super faturados, e muitos dos quais  sequer foram entregues.

Enquanto a pandemia contabilizava suas vítimas, algumas autoridades contabilizavam seus lucros aumentavam seus ganhos escusos desviando verbas e perpetuando maracutaias.

Não adiantava ficar esperando a pandemia passar para ver como seria viver no novo normal , sobreviver aos efeitos causados pelo xing ling e pelo corruptos brasilis, era só para os fortes!

O autor é poeta, compositor e dramaturgo.