PARALELOS  E  MARGINAIS
   Há muito mais coincidências entre a motivação de um educador e os motivos de  um artista independente, do que possa imaginar a maioria das pessoas. Essa motivação, entre outras coisas, é a somatória do entusiasmo, desafio, comprometimento, dedicação, autoestima, e autoconfiança.
Qualquer artista independente sabe que no caminho a que se empenhou em trilhar,  além das flores perfumadas e  sonhos coloridos, existem também os espinhos e a realidade em preto e branco. O mesmo acontece com o profissional de educação.
Basta entrar em uma grande livraria e constatar que existem milhares de títulos e de escritores, e que,  nas bancas de ofertas, há livros vendidos muitas vezes por valor inferior ao do papel e da tinta neles utilizados.  E mesmo assim o artista independente continua a escrever livros que ninguém quer publicar, e a compor musicas que a grande mídia não vai transformar em sucesso, por mais talentosas que sejam as suas criações.
O educador paralelamente padece dos mesmos males, e mesmo assim insiste em levar a cabo a sua nobre missão de transmitir conhecimento, atributo indispensável  aos educandos, que representam o futuro de uma nação.
A missão do educador é árdua e na maioria das vezes não tem o devido reconhecimento inclusive de muitos alunos, pais de alunos e da sociedade em geral.
O educador é um obstinado que teima em remar contra a maré do sucateamento da educação por parte do Estado, que não remunera adequadamente os profissionais de educação pública e nem os trabalhadores da administração escolar. O resultado disso é o verdadeiro êxodo dos jovens estudantes dos cursos de licenciatura que formam os professores de educação básica.
Ser educador hoje é bem mais difícil do que a décadas atrás onde as regras professor/aluno eram imperativas sem margens às contestações. O professor falava e os alunos eram obrigados a ouvir ou fingiam ouvir, os indisciplinados que conversassem eram convidados a se retirar.
  
  O educador na realidade atual tem que estar muito melhor preparado, inclusive psicologicamente, pois temos uma geração de crianças e adolescentes literalmente bombardeada por informações, o que os torna mais inclinados aos questionamentos, e a menor concentração e atenção dos alunos acostumados ao mundo digital exige respostas rápidas.
    Assim ao educador moderno cabe reinventar-se, encontrar o melhor de si explorando todo o seu potencial na descoberta de como  criar aulas participativas e dinâmicas pelas quais anseiam os alunos.
    Alguém dirá;
– Já faço muito pelo que eu ganho!!
E eu vos direi no entanto;
¬-  Se o que o(a) move é simplesmente o holerite no final do mês, sinto dizer que errastes de profissão!
Lecionar é uma atividade missionária que requer desprendimento e entrega, sacrifício e empenho, amor e dedicação. Mas o que move então os que escolhem militar nessas atividades diversas, quais sejam, educadores e artistas independentes, que caminham em trilhas paralelas?
É mistér não olvidarmos que vivemos hoje no mundo onde imperam a tecnologia e a informática, tudo é muito prático e simples, VOCÊ pode sair de casa sem um centavo no bolso e, desde que tenha saldo em sua conta, ter acesso a tudo usando o seu cartão magnético! Mas não adianta o cartão se você não souber a senha, além de alguns dados complementares que são chamados de Códigos de Segurança.
Da mesma forma, todos nós temos saldo positivo na conta corrente do Banco da Vida, mesmo que não tenhamos feito um único depósito. No entanto a maioria das pessoas desconhece esta conta e o saldo disponível que pode ser sacado quando bem entendermos.
O tempo que você estiver disposto a investir na reconstrução da sua atitude de comportamento é um fator indispensável para que você alcance os seus objetivos.

Assim como um artista independente, é necessário que o educador esteja disposto a ocupar o seu espaço no seu campo de atuação e não poupe esforços para marcar a sua posição.
Eu por exemplo, e quem me conhece sabe disso, jamais disse qualquer coisa do tipo:  “Não suporto esta situação de dificuldade!”
E sim; ”gosto de uma situação confortável e segura, e de tudo que a riqueza pode proporcionar, por isso estou determinado a trabalhar o necessário e ganhar o suficiente para consegui-la dedicando todo meu esforço e conhecimento, para alcançar meus objetivos, sem jamais esquecer que a riqueza de espírito não paga boletos, mas é mais valiosa que a riqueza material.”
Assim como o artista independente o educador deve praticar a Visualização, determinar o Objetivo, conservar a Confiança e cultivar o Entusiasmo, e terá assim a senha de acesso para a sua realização profissional.
Visualização Visualizar, diferentemente de sonhar visionariamente, é transformar conceitos inertes e abstratos em imagens reais ou mentalmente visíveis.
Objetivo é algo prático, positivo, um alvo que se pretende atingir, aplicar uma aula dinâmica  que desperte a atenção participativa dos alunos, ganhar uma medalha de ouro em  uma maratona, ou chegar ao topo do monte Everest começa sempre com o primeiro passo,  haverão muitos obstáculos , e não existem atalhos no caminho para a conquista, você tem que estar física e psicologicamente preparado para cumprir a missão a que se dispôs. Claro que o educador terá que empenhar um tempo maior em pesquisas e preparo da sua aula, mas o bom resultado será a sua satisfação  e a certeza do dever cumprido, independentemente do valor pecuniário.
Confiança é um  atributo indispensável para o educador consciente e orgulhoso da importância da sua  missão de formar futuros cidadãos.
Entusiasmo  na Antiguidade o entusiasmo era definido como exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina, admiração, dedicação ardente, paixão, júbilo, Entusiasta então, é aquele que se dedica vivamente a alguma coisa.
Portanto o educador   deve ter entusiasmo suficiente para superar os entraves que possam minar a sua energia motivacional,
.                AUTOCONTROLE – AUTOESTIMA
Podemos definir autocontrole como o controle de si mesmo; domínio dos seus próprios impulsos, emoções e paixões, e como autoestima, a aceitação que o indivíduo tem de si mesmo.
O educador deve praticar o autocontrole, pois para poder controlar a sua autoestima e a sua confiança, é preciso saber o que se deseja, e aonde se quer chegar. É preciso  traçar um plano de ação, detalhar o planejamento e  executar o plano.  
Não se esqueça de que VOCÊ é o autor do roteiro e, também artista principal do filme da sua vida!  É VOCÊ quem vai decidir entre o sucesso ou o fracasso do seu projeto, concentre-se na conquista, na vitória, é claro que não se pode vencer sempre, mas a forma como VOCÊ reagir à algum eventual resultado não satisfatório, é que será o fator determinante para atingir o alvo.
Acredite, VOCÊ é do tamanho do seu sonho e é o único que pode determinar a sua dimensão.  Ninguém vai cantar seu canto, chorar seu pranto, e muito menos, sonhar o seu sonho.

É fato que existem educadores avessos às mudanças e adaptações necessárias no atual panorama educacional, mas não é mais possível isolar-se  em uma bolha protetora e confortável  para não admitir que é necessário se adequar aos novos tempos e novas maneiras de ensino.

Tudo é uma questão de paradigma, de ponto de vista, e não simplesmente resultado de fatores externos, e não é possível pessoal ou profissionalmente alcançar seu objetivo sem observar e assimilar as mudanças e sem decidir a planejar todos os detalhes necessários.

É essencial que o educador queira profundamente fazer a diferença no cumprimento da sua missão. É preciso determinação, foco, amor e muito trabalho, para preparar as aulas, inserir nelas o incentivo às  pesquisas, e  atrativos que agreguem conteúdo que possibilite a interação da classe e participação dos alunos, dando às suas aulas uma característica  lúdica que será mais facilmente assimilada pelos alunos da geração game.

O educador não deve se esquecer, que ele é o mais importante difusor de cultura e educação sendo na maioria das vezes o principal responsável pela inserção do aluno no panorama da realidade social, devendo ater-se ao fato de transmitir ensinamentos de forma imparcial e democrática no que tange às questões que abordem comportamento, bem como as questões  políticas e religiosas, seja qual for a sua crença, sua opção sexual, e a sua coloração partidária.

O artista independente mesmo sem o reconhecimento profissional e financeiro segue em frente, e  apesar dos entraves não deixa de sonhar o seu sonho, e continua a escrever livros que ninguém vai publicar e a compor musicas que ninguém vai gravar.

O educador por sua vez, verdadeiro Don Quixote lutando contra os moinhos de vento da baixa remuneração e do quase nenhum reconhecimento, não deve se deixar abater e continuar a se dedicar a atuação da sua nobre missão.

É necessário que o educador jamais se  esqueça da nobreza da sua profissão, recicle seus métodos de ensino, esteja aberto às novas tendências pedagógicas e  adapte suas aulas considerando sempre que os alunos, na condição de indivíduos, possuem diferentes níveis  intelectuais e de aprendizado.

Na medida do possível é cada vez mais necessário que o educador  prepare as suas aulas considerando o grau de dificuldade individual de cada aluno, e isso vai exigir mais dedicação e muito trabalho para que o objetivo seja alcançado, não há mais como ensinar de forma padronizada alunos com diferentes níveis de aprendizado.

É preciso então perseverança, otimismo, entusiasmo, amor pela profissão, e muita paixão pelo dom de transmitir conhecimento sem se deixar abater pelas dificuldades pertinentes à nobre missão!

Afinal  parodiando Fernando Pessoa “tudo vale à pena se a alma não é pequena”, e a alma do educador é grande o suficiente para fazer com que ele, apesar dos pesares, continue a cumprir a sua missão de transmitir conhecimento.

AC de Paula
poeta e compositor