TALVEZ, QUEM SABE?
Naquele tempo eu era um garroto que amava os Beatles, mas como já disse Luis Vagner Guitarreiro, tinha uns nêgo véio que eu apreciava, e muito, quando a longa noite caiu sobre o país!
O sangue da juventude fervia nas minhas veias, e sem mais nem menos, sem nenhuma cerimônia foram me colocando peias, censuraram meus versos, amordaçaram meu canto, tentaram confinar meus pensamentos.
Não dava para aceitar na tranquilidade os desmandos e atrocidades que cintilavam nas estrelas que dominavam o cenário, calavam a mídia, e feito mágicos faziam desaparecer pessoas!
Impossível para qualquer cidadão que não fosse alienado, tapado, cego, ou surdo, que fazia parte de uma maioria absoluta de inconformados, ou que não estivesse levando escusas vantagens com a situação, bater palmas pra ver maluco dançar, ainda mais que, mesmo sem ser maluco era o dito cujo cidadão quem dançava!
Toda e qualquer pessoa que tivesse um lapso de lucidez que fosse, era logicamente contra o sistema! Naquele tempo sim, eram eles os detentores da ditadura, e nós, e ói ni nóis!
Mesmo sendo contra aquela situação e simpatizante da esquerda em consequência da constatação do panorama que se apresentava, nunca fui militante e nem filiado à qualquer partido, condição em que permaneço até hoje.
Fui, sou, e sempre serei, contrario à desmandos autoritários emanados seja lá de quem for, civil ou general de não sei quantas estrelas! Não quero, e não vou assistir de novo o mesmo filme. Filme repetido cansa, enche o saco, e a gente já conhece o final!
Hoje tenho muito mais tempo de juventude e um pouco mais de juízo do que naquela época, o sangue ainda ferve, e posso expor meu pensamento, e soltar a minha voz, sem que ninguém me diga que não posso fazê-lo, mas, pelo andar da carruagem, se prevalecer, o que não quero acreditar jamais, a intenção do partido todo “PoTeroso”, que insiste em regular a mídia, que para quem leu, não entendeu, ou fingiu não entender, é a volta da censura, a vaca estará de malas prontas à caminho do brejo!
Pensem só um pouco, se as coisas voltarem a ser o que foram, se lhes servir de consolo, não terão mais que se deparar com a livre expressão das minhas ideias e pensamentos. Talvez, nem mesmo dos seus!
AC de Paula
Poeta e compositor