ENTRE TIGRES E DRAGÕES !

bala perdida encontra o alvo,
eu perco o verso e a rima,
entre o acerto e o desacerto,
a certeza é tão incerta!

não é nenhum desacato,
constatação de tal fato,
cavalo marinho alado,
andorinha de rapina,
tudo de ponta cabeça,
maracutáia, propina,
a impunidade grassa,
e o poeta não vê graça,
e põe a boca no mundo, 
o sentimento profundo,
codificado na senha
dos dragões domesticados!

o que há nas entrelinhas,
desta pseudo loucura
de mares não navegados,
e segredos não revelados?

poeta sou, mas dá um tempo,
que eu também não sou de ferro,
se mandar calar eu berro,
e o apressado, ao que dizem,
come quente e cru,
enquanto pardais talentosos,
dublam o uirapurú,
sem qualquer motivo aparente,
e muito menos, razões !

Borges, tinha lá os seus tigres,
eu, tenho cá meus dragões !

antonio carlosdepaula
poeta e compositor