meu poema nada sabe
da pacata e férrea Itabira
lá na drummondiana Minas,
e nem respira a fatalidade
das nerudas chilenas minas!
ele sabe de minos e minas
e das mazelas da cidade,
da real realidade
das paulistanas esquinas
cantadas em verso e prosa
e jogadas à própria sorte!
minhas rimas passeiam
por entre as flores do asfalto
nas calçadas da cracolandia,
que exalam o perfume
da cruel degradação!
Pai, que vives aí no alto
onde é menor o perigo,
olhái a criança, o mendigo,
que dormem no hotel das estrelas,
sem coberta, em frio chão,
livrái-nos Pai, do assalto,
bala perdida, e arrastão!
é assim mesmo, lamente,
meu verso é produto do meio
e este é o meio ambiente,
eu grito em alto e bom som,
o que sinto e vejo, relato,
foto no porta retrato,
nem Neruda e nem Drummond!
AC de Paula
poeta e compositor
AC de Paula
Enviado por AC de Paula em 14/06/2013