era uma vez um menino
correndo de pé no chão,
jogando bola na lama,
tinha no peito uma chama,
ardente feito um vulcão!

pedra na atiradeira,
subindo na goiabeira,
figurinha carimbada,
a fieira no pião!

batendo perna, e bafo,
sem estresse ou cansaço,
andando de bicicleta,
soltando pipa e balão
pescando lá na lagoa,
ah! meu Deus que vida boa!

brincando de pega-pega,
cabra cega, amarelinha,
se esta rua fôsse minha,
roubando fruta na chacrinha,
a esperteza na fuga,
detalhe fundamental,
corre, lá vem o portuga,
e tome tiro de sal!

brincando de ser cowboy,
de telefone sem fio,
tomando banho no rio,
hoje a saudade me dói,
sem vídeogame, sem Ipod,
sem orkut ou celular,
palmtop, notebook,
lia gibí de mocinho,
brigava de tapa e muque,
jogava bola de gude!

me esqueci de como pude,
esquecer de quem eu era!

antonio carlos de paula
poeta e compositor