também tenho
meus raros momentos,
de sofrer e curtir solidão,
de cantar
os meus ais meus lamentos,
nos acordes de uma canção,
de sentir da saudade o açoite,
de soltar minha voz pela rua,
feito um lobo no meio da noite
solitário a uivar para a lua !
vejo um anjo
no branco das nuvens
dedilhando feliz uma harpa,
é um sonho,
um encanto, um deslumbre,
mas no peito persiste a farpa,
e sem prumo em total desvario,
a tristeza confesso eu assumo,
e navego ao sabor do destino,
feito um barco vazio, sem rumo!
e a lua bonita e ingrata
me oferece a luz do seu raio,
me seduz com seu brilho de prata,
faz cantar o lobo solitário!